EU E A SELEÇÃO JAPONESA

Caros Leitores,

Alguns já devem saber e outros passaram a saber pelas minhas aparições na TV, mas gostaria de deixar registrado aqui formalmente o meu desaparecimento do blog devido à minha participação na Copa das Confederações. Contratado pela FIFA / COL para atuar como Coordenador de Atendimento à Equipe, tenho trabalhado inclusive como intérprete da seleção japonesa de futebol masculino. Fui à Brasília, Recife, Minas Gerais e até São Paulo. Sempre acompanhando a delegação japonesa, inclusive nos voos fretados. Embora a maioria já tenha regressado ao Japão, ainda restam alguns membros da delegação no Brasil e por isso, meu trabalho diminuiu consideravelmente, mas ainda continua pelo menos até meados do mês que vem. Por isso, peço a compreensão de todos e que aguardem ansiosos para novos posts, novos quadros, mais entrevistas e muito mais para o nosso Muito Japão! 

Fiquem agora com a matéria da Joanna de Assis legendada em japonês. O melhor da matéria está no tempo 1:45 (rs)! Logo em seguida, uma matéria publicada na internet sobre a seleção japonesa e "o tradutor" (rs).


Japão esbanja disciplina e, sem ‘chinelo’, treina ao som de ‘bravo 

 O futebol tem uma linguagem universal, mas com suas particularidades. Ainda mais quando se trata da seleção do Japão. Em dois dias em solo brasileiro para a disputa da Copa das Confederações, as já conhecidas disciplina e organização orientais ficaram ainda mais evidentes. Nos treinos do adversário de estreia do Brasil, nada de “chinelinhos”, mas sim gritos de “bravo” que dão um tom italiano na mescla com japonês. Brincadeiras só na hora certa, na tradicional roda de bobo que rompe as fronteiras do Brasil. O espírito coletivo envolve o time e todo staff da delegação. E o tradutor ganha ainda mais importância em um grupo em que poucos dominam o inglês.

Logo no primeiro treino, pequenos detalhes chamaram a atenção. Mesmo vindos de uma viagem de 14 horas de Doha a Brasília, os jogadores realizaram uma atividade de uma hora, sem o conhecido “migué”, sem dribles nos exercícios. E, depois de realizarem uma longa série de alongamento, nada de deixarem os tapetes e bolas de Pilates para auxiliares recolherem: todos guardam seu material antes de darem prosseguimento ao treinamento.

Em um dos cantos do campo, trabalho intenso para os goleiros comandado por Maurizio Guido que, assim como o técnico Alberto Zaccheroni, é italiano.Entre gritos em alto e bom som que lembram ordens de aulas de artes marciais, Guido também usa o italiano para incentivar os jogadores.

- Bravo, bravo! – gritava o preparador de goleiros.

São raros os jogadores que falam bem o inglês, casos de Yoshida, que joga no Southampton, da Inglaterra e Kagawa, do Manchester United. O vocabulário da maioria na língua inglesa se resume a “it’s good”, “yes” e “no”.

Para os jornalistas brasileiros, acompanhar um treino do Japão é uma difícil experiência de tentar decifrar o idioma. Julio Cesar Caruso é o tradutor que acompanhará a delegação japonesa em todos os deslocamentos durante a Copa das Confederações. Ele é o responsável por fazer o meio-campo entre as perguntas da imprensa e as respostas.

Julio Cesar morou no Japão, é professor de japonês e sabe ler e escrever com ideogramas. Ele revela alguns hábitos e postura dos jogadores japoneses.


- Eles são muito gente boa, profissionais e pontuais com horários. No primeiro dia, a princípio, o treino seria fechado, mas eles decidiram abrir. Explica a diferença entre as culturas. Alguns jogadores que foram passear próximo ao hotel aqui em me perguntaram se era perigoso. Todos são muito disciplinados – afirmou o tradutor.


O Japão disputou quatro Copas. E em todas teve um jogador brasileiro no elenco: Wagner Lopes (França-1998), Alessandro Santos (Coreia do Sul/Japão-2002 e Alemanha-2006) e Túlio Tanaka (África do Sul-2010), além de Zico como treinador em 2006. Agora com o italiano Alberto Zaccheroni, a seleção japonesa não tem nenhum brasileiro na delegação.

Funcionário de Yuto Nagatomo, o paraibano Weki Soares acompanha o jogador no Brasil e também presta serviços para o lateral da seleção japonesa e do Inter de Milão, na Itália. Tendo convivido com jogadores de diversas nacionalidades, ele aponta as principais características dos japoneses:

- O profissionalismo é impressionante. Assim como o respeito.  Eles respeitam até o ar que respiram.

Zaccheroni abre apenas 15 minutos de treino

Nesta quinta, Okazaki e Yoshida concederam entrevistas para a imprensa brasileira. O primeiro mostrou ter aprendido português ao dizer que estava cansado; o segundo, falou bom dia.

Nesta sexta-feira, assim como fizera na véspera, o técnico Zaccheroni só permitiu que jornalistas acompanhassem 15 minutos do treino. Dois treinos foram fechados para não dar pistas para o Brasil.

Antes da atividade, Kagawa saiu para passear pelas ruas de Brasília. De chinelos, o jogador do Manchester United era mais reconhecido por estar com o uniforme da seleção japonesa. Para um curioso que perguntou quem ele era, respondeu com bom humor, dando o nome de outro jogador. Depois, dobrou as mangas da camisa para aproveitar o sol da Capital Federal. Neste sábado, será a vez de tentar enxergar um horizonte mais longe. Bem além da terra do sol nascente.

Comentários

  1. Demore o tempo que quiser que estaremos por aqui Júlio. Afinal, trabalhar bastante e correr atrás das oportunidades, é uma coisa "Muito Brasil" e você, apesar de morar no Japão é brasileiro. Boa Sorte brother e se eu já te enchia para escrever o livro antes, imagina agora! Quantas histórias para contar com essa experiência de intérprete...#LIVROMUITOJAPÃO YES, YOU CAN! HEHEHE Abraço.

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  2. Caruso, uau! Parabéns! Estava achando estranho mesmo o seu sumiço, mas nem liguei uma coisa à outra... Copa das Confederações, que chique! Fico contente por você!!! Abraços

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  3. Muito legal, cara!
    Pena que o Japão foi mal.

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  4. Que maneiro! Se depois puder compartilhar alguma coisa da visão dos jogadores do Brasil ou histórias curiosas seria muito interessante.

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  5. Opa, que legal, parabéns! Peguei um vôo de Munique para Guarulhos na sexta pra sábado do jogo e tinham alguns japoneses com roupas da seleção japonesa de futebol, já que depois voaram direto pra Brasília. Não sei se eram jogadores, mas acho que eram alguma coisa de equipe técnica... Você sabe quem eram?

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