MELHOR NÃO ENTENDER JAPONÊS・日本語がわからない方が良かった!

Muito gente não faz ideia de como seja o atendimento médico no Japão. Eu detesto. Mas sei que opinião varia de pessoa para pessoa, caso a caso. Mas vou contar aqui hoje o porquê que eu não gosto e o porquê de muitos e muitos estrangeiros, que eu conheço, reclamam tanto e esperarem a oportunidade de voltar ao seus países para fazer um check-up geral.

Hoje fui ao dermatologista. Minha pele na região do pescoço e nos braços estava ficando extremamente ressecada por conta do frio, claro, mas mais que isso, estava coçando muito e por isso, resolvi ir ao médico. Mas hoje tive o tipo de atendimento muito comum por aqui e que eu detesto. Digo comum porque não é sempre que isso acontece, mas é a maioria das vezes, posso dizer. Estou falando do atendimento que eu chamo de "linha de fábrica".

Atendimento "linha de fábrica"

Eu chamo por este nome porque o atendimento médico daqui muitas vezes é exatamente igual a uma linha de produção, em que uma pessoa faz o serviço que deve ser feito nas peças que vão passando por ele, sem poder perder muito tempo porque logo atrás já está chegando outra peça e ele deve fazer o mesmo trabalho na peça seguinte, a fim de não atrapalhar a linha de produção.

Na recepção, a única diferença é que dependendo do médico, eles perguntam o que você tem ali mesmo, na frente de todo mundo que está em silêncio esperando, lendo uma revista ou mexendo no celular. Mas vamos nos ater ao dermatologista de hoje.

Como é de praxe, o médico não tem aquele bate papo com você, antes de te examinar, para saber mais sobre você. Por isso, ainda na recepção, eles te dão uma prancheta com todas as perguntas que o médico faria no bate papo, desde, seu nome, seus hábitos, até alergias, remédios que esteja fazendo uso atualmente etc. Como se trata de um consultório de dermatologia, no formulário - que sempre ocupa uma folha A4 - tem um desenho do corpo humano de frente e de costas, para, você, ali mesmo, marcar as zonas que você precisa de tratamento. Se é seu pescoço que está coçando, envolva o pescoço do boneco com um círculo e assim por diante. Ou seja, qualquer pessoa que estiver na recepção e receber a sua prancheta de volta, saberá a que você veio, onde está coçando e tudo mais  que você "falaria" com o médico em particular.

Estou falando assim, porque o meu caso era apenas uma coceira no pescoço e nos braços, mas sempre fico imaginando alguém com uma coceira numa área, digamos, mais constrangedora e queira se abrir somente para o médico e não para a mocinha bonitinha na recepção? Sempre penso nisso. 

O pior foi quando fui chamado!

Você crente que foi chamado porque finalmente vai ser atendido e, que nada, você vai para um micro consultório e fica lá de stand by, esperando que o médico venha. Isso mesmo. Você fica esperando o médico chegar! Isso porque em muitos casos, como foi hoje, só uma pessoa atende a vánáááárias pessoas sem parar. Mas é o médico quem vai de cabine em cabine atender as pessoas. E não pense que é um consultório como mesa grande, com fotos dos filhos do médico com uma estante de livros de medicina atrás, nada disso! É um local mais simples que o estande mais barato de uma feira de negócios. É quase um provador com direito a "porta" de cortina de pano e tudo - e que não vai até o chão. Uma mesa simples, um banco e um computador.  E eu fiquei lá dentro, sozinho, esperando o médico. 

Por que eu fui estudar japonês?!

O pior de ficar num espaço desse com cortina é que você consegue ouvir toooooda a consulta do paciente que está ao lado. Perfeitamente! A mulher antes de mim tinha uma bolsa de pus entre os seios. Calma! Eu não vi. Mas ouvi perfeitamente ela explicando tudo para a médica e a médica dando explicação sobre o que poderia ser e sobre o tratamento. Aí você pensa: se eu já ouvi a consulta de duas pessoas e eu sou o terceiro, a quarta e a quinta pessoa vão ouvir a minha também! Volto a dizer, o meu caso era simples, mas se você quer dizer que "sua mulher é violenta quando vocês transam e onde ela arranhou nas suas costas está coçando demais", por exemplo?? Simples. Todo mundo vai ficar sabendo!!

Todo mundo e a enfermeira que sempre está junto da médica ou do médico. Já fui a outros médicos e posso afirmar que não é esta dermatologista. Os médicos, nunca estão sozinho. Tem sempre uma enfermeira que fica lá como um espírito que só você consegue ver. Na maioria das vezes, como foi hoje também, nunca faz nada, fica só olhando. Fico imaginando se tenho uma hemorróida e terei que mostrar para duas pessoas ao mesmo tempo, a médica e o papagaio de pirata de jaleco.

A médica deu uma olhadinha, perguntou se eu bebo ou fumo e pronto, me receitou os remédios. Obrigado e até a próxima! Foi assim que determinou minha consulta. A médica e o papagaio de pirata saíram do provador-consultório e eu fui para a sala de espera novamente e me sentei. Em seguida, fui chamado pela recepcionista, para pagar a consulta e receber a receita. Pronto, de lá já fui direto para a farmácia.

E você? Gosta do médico no Japão? Já teve alguma experiência ruim ou boa, para contar pra gente? Deixe seu comentário.

Comentários

  1. Concordo plenamente com você, na esmagadora maioria das vezes em que eu e minha família precisamos consultar os médicos foram decepcionantes. Até pensamos que nas cidades maiores poderia ser diferente, mas... Daí fica a pergunta como eles vivem tanto?

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